Coco de Tebei
Eu Tiro o Couro do Dançador
Sambada
Três lançamentos de respeito mapeiam as novidades sonoras da terra do manguebeat
Em Pernambuco, graças ao manguebeat dos anos 90, convivem desde bandas de gafieira, como Academia da Berlinda, até grupos cantando em inglês, como o Sweet Fanny Adams, sem problema. Os álbuns de Kiko Klaus, Salvador Santo e do Coco de Tebei, bem diferentes ao ouvido, são resultado dessa abertura pósmangue. Salvador Santo fez rap-rock no DMP nos anos 90. Em seu álbum solo, gravado com o produtor e multiinstrumentista Rodrigo Coelho (ex-Jorge Cabeleira e Suvaca de Prata), Salvador usa a boa voz e a experiência como DJ para criar climas eletrônicos interessantes, com uma certa malaquice viril do hip-hop, mas também com bom polimento e sutilezas que vêm dos anos 70 e 80 (Mutantes, samba-funk, Fellini). Kiko Klaus, com experiência internacional (colaborou com o pessoal do Ojos de Brujo, na Espanha), acabou radicado em Minas Gerais, de onde manda uma ótima MPB que tem algo de Lenine e Naná Vasconcelos, mas também (graças ao timbre de voz e à dramaticidade) do melhor Gonzaguinha. E o álbum do Coco de Tebei resgata e documenta a tradição rural quase perdida de uma comunidade de Taracatu, e em algumas faixas mixa a sonoridade rústica a colaborações contemporâneas (Sérgio Cassiano, ex-Mestre Ambrósio; Juliano Holanda e Gilú, da Orquestra Contemporânea de Olinda; Chico Correa).
Alex Antunes