Gui Boratto
Take My Breath Away
3 Plus Music/ST2 Records
DJ e produtor amplia o lado mais calmo e melodioso de sua música e busca ampliar seu público
Na ainda insipiente produção nacional de música eletrônica, é comum a crítica condescendente com os lançamentos que
atingem sucesso no exterior. Independentemente da qualidade, o mérito fica apenas por figurar nas paradas. O segundo álbum de Gui Boratto recebe o mesmo tratamento e isso meio que esconde que o disco é, de fato, um dos melhores do gênero em 2009. Gui está na batalha desde 1994 (quando montou a banda Sect) e vem aprimorando sua produção com alguns erros e vários acertos. Take My Breath Away não é um rompante de genialidade espontânea, mas é, quase sempre, o que seu título diz. Ampliando o que havia começado comChromophobia, de 2007, o produtor optou por dar mais melodia ao minimal techno. Não é um feito inédito (Superpitcher também fez o mesmo para fugir da estagnação do estilo), mas Boratto usa o recurso com precisão. “Atomic Soda” abranda ondas quadradas e sujas como numa trilha de game de corridas sem colisões e “Besides” evoca desvarios tais como um New Order com Duanne Eddy na guitarra. Há poucos momentos verdadeiramente de pista – caso de “Ballroom” e “Eggplant” – mas, graças a um subliminar formato de canção presente nas faixas, em nenhum momento ele cai para fatídica monotonia do estilo. Coisa difícil. É como tirar água de pedra da maneira mais gentil.
José Júlio do Espirito Santo