Bandas que fizeram carreira longe do mainstream e ainda não perderam o fôlego
O mercado de rock independente não vive apenas de novidades instantâneas, como demonstra a longevidade de bandas veteranas como as goianas Mechanics e Violins e a catarinense Aerocirco. Os primeiros têm uma história que teve início na metade dos anos 90 e se confunde com a formação da cena musical da capital Goiânia. No novo trabalho, a banda despeja a sua já costumeira avalanche de decibéis em músicas de nomes sugestivos, como (“Ódio” , “Sangue”), e marca também a incorporação de vez do português nas letras – a exceção é a faixa-bônus “I Am Joe’s Fear of Disease”. Capitaneado pelo vocalista e letrista Beto Cupertino, o Violins chega ao seu quinto álbum entre um anúncio de encerramento de atividades e outro de retorno. Greve das Navalhas traz a marca registrada de Cupertino, que são os versos carregados de poesia intimista (“Morte da Chuva” ) e reflexões sobre o cotidiano (“Tsunami”) musicados de maneira que por vezes chegam a desafiar a métrica. O Aerocirco é considerado um foco de resistência roqueiro numa terra dominada por reggae e músicas de luau como é a praiana Florianópolis (SC). Invisivelmente é o quarto álbum da banda que vai descaradamente na linha de bandas como Strokes e Los Hermanos, mas consegue imprimir personalidade suficiente nas melodias para fugir do mero decalque, c omo demonstram “Invisivelmente”, a bela faixa que dá nome ao disco, e “O Rei”, com sua alternância de ritmos contagiantes.
Leonardo Dias Pereira