Jota Quest
La Plata
Sony/BMG
Mineiros oferecem CD acessível, bem acabado e para
dançar, mas também para se prestar atenção
Popularidade em excesso às vezes atrapalha. o Jota Quest é uma das bandas que mais trabalham no Brasil e colhe os louros disso. Por outro lado, sofre devido a uma certa superexposição (por causa disso, seus trabalhos são rejeitados pelos elitistas). La Plata, sexto disco de estúdio do grupo mineiro, tem o pop sacolejante de sempre, mas com um pouco mais de profundidade e variedade. Obviamente, Rogério Flausino, PJ, Paulinho Fonseca, Marco Tulio e Marcio Buzelin continuam mergulhados no groove e na black music brasileira dos anos 70. Os caras não iriam virar indie de uma hora para outra. Quem ouvir com calma vai reparar que o CD tem um lado A" e um "lado B": começa com canções mais densas e atmosféricas e vai concluindo com composições com formato mais radiofônico. A produção de Liminha procurou valorizar ainda mais baixo e bateria, grandes trunfos do JQ, e é rica em detalhes, desviando da rota do atual pop nacional, em que a tosquice e o clima low fi se instauraram. Canções como "Seis e Trinta", "Paralelepípedo" e a quase instrumental "So Special" são os pontos altos dessa primeira jornada do CD. Já "O Grito" é a obrigatória balada soul que os fãs esperam. "Ladeira" inaugura a parceria Jota Quest/Nelson Motta. A única derrapada mais séria é "Laptop", funk com letra um tanto banal. La Plata é honesto, bem produzido e vai agradar ao público-alvo. Nenhum problema com isso.
Paulo Cavalcanti