O velho flerte entre Deus e o Diabo
O rock-terror sempre flertou com as figuras satânicas e com uma espécie de contestação à figura de um Deus bondoso. Tal qual a diferença entre paixão e ódio é estreita, esses artistas acabam revelando em suas obras um encanto tremendo pelo divino, ainda que isso seja demonstrado pelo repúdio. Neste segundo disco da Maldita, isso é evidente nas letras que remetem a anjos decaídos, entre elas, a própria faixa-título e outras como "Santos e Pecadores", "Anjo", "Presença de Espírito" e "Moribunde". Outra que mostra esse fetiche pelo divino é "Seu Deus", cuja citação a Nietzsche aparece no subtítulo "(a lei do eterno retorno)", como se quisesse lembrar que, para eles, deus estaria morto. Viagens psicofilosóficas marcam o disco, cuja sonoridade remete mais a Nine Inch Nails do que à Marilyn Manson. As interpretações de Erich Mariani (Coágula) continuam teatrais e exageradas. Para quem gosta de uma brincadeira trash, esta aí uma boa diversão.
Bruno Maia
Maldita
Paraíso perdido
Independente
12
10
2007