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Compositores botam bloco na rua e falam de maconha e black blocs
Estimulados pelo concurso anual promovido em caráter nacional pelo centro cultural carioca Fundição Progresso, compositores de marchinhas estão pondo o bloco na rua para desafiar a supremacia dos clássicos do gênero nos salões. A julgar pelas dez finalistas do concurso de 2014, perpetuadas em CD com capa inspirada na arte do LP lançado em 1956 pela cantora paulista Marlene, a trilha deste Carnaval vai manter a politização e a irreverência que dão o tom das marchinhas desde que o samba é samba. Maconha (defendida por Jota Canalha, pseudônimo de Henrique Cazes), black blocs e ações controvertidas na remodelagem da zona portuária carioca são assuntos que seguem o bloco, brincando com temas espinhosos sem perder o bom humor. Se o curitibano Hardy Guedes faz graça com Marco Feliciano em “Sauna Gay”, o paulista Rafael Junior recorre ao velho duplo sentido em “Aplicando na Poupança”. Pena que a vaidade dos compositores do material, nem todos eles com vocação para o canto, aumente o risco de o salão ficar um pouco desanimado. Falta aos autores a voz que sobra em Áurea Martins, escalada para encerrar o disco com “Bloco da Solidão”, que é uma homenagem à veterana Marlene.
Fonte: Independente