Moby
Wait for Me
EMI
Músico se inspira em David Lynch e embarca no experimentalismo
Moby decidiu fazer um disco mais experimental, cheio de faixas instrumentais. Convocou amigas cantoras, propositalmente desconhecidas, para dar voz a algumas canções e gravou tudo em casa. A inspiração veio a partir de um discurso de David Lynch sobre criatividade. Ouvir o cineasta – depois convidado para dirigir o vídeo de “Shot in the Back of the Head” – foi o suficiente para Moby imaginar como poderia surgir um grande trabalhosem as pressões do mercado. Wait for Me é o segundo trabalho depois do ótimo, porém subestimado Hotel, álbum em que Moby flerta com o eletro-rock, e sucede Last Night, de levada mais dançante. Baladas de acento melancólico, como “Walk with Me”, “Jltf” e “Hope Is Gone”, dão grande sentido à iniciativa. O nova-iorquino adapta a seu universo eletrônico o classicismo da música sacra e dá um soberbo tom épico a “A Seated Night”. Moby fez com que o ouvinte se sentisse como se estivesse vendo um longa-metragem soturno. Como fizeram muitos artistas do passado em suas respectivas épocas, Moby compôs a melhor trilha sonora da década para um filme que não existe.
POR JOSÉ NORBERTO FLESCH