Moby tem um talento especial: sempre ficar bonito na foto dos bambas da dance music sem ter necessariamente a mínima ligação com as tendências correntes. Em se tratando do gênero que mais louva o novo, essa qualidade anda lado a lado com a música do novaiorquino. Cada disco é o pulo do gato autista. No nono álbum de estúdio o salto atinge abaixo da cintura. Impossível falar mal de Last Night e seus timbres paramnésicos. Seria algo como cuspir na pista em que dançou. A partir da disco calcada em Giorgio Moroder de "Ooh Yeah", Moby brinca de maquinista do tempo e segue pra outros estilos.
Passa pela ítalo house em faixas como "I Love to Move in Here", com a ajuda de Grandmaster Caz (rapper da old school de Nova York), e "Everyday It's 1989", sobre um ano em que divas apareciam feito aleluias. Flerta com o trip-hop em "Hyenas" e seu vocal francês, brinca com as colagens da acid house no estilo The KLF em "The Stars" e relembra o que fez de melhor no início de sua carreira em "Sweet Apocalypse". A idéia era relembrar as baladas em sua cidade e as nossas em outras partes do mundo. O pulo foi alto e certeiro.
José Julio do Espirito Santo
Moby
Last Night
EMI
10
05
2008