Moisés Santana
Verso Alegoria
Lua Music
Cartão de visita de uma carreira criativa e pouco ortodoxa
Dentro de verso alegoria, terceiro CD de inéditas de Moisés Santana, cantor baiano há um bom tempo radicado em São Paulo, tem lugar para o humor – como nas letras de “O Mistério do Samba”, de Fred 04 e Marcelo Pianinho, e de “Tem Celebridade”, forró que brinca com o nosso star system atual e lembra muito, pela sua estrutura, Tom Zé (esta poderia tranquilamente estar no repertório desse outro inquieto baiano). Mas o clima do disco muda um pouco em “Chega de Realidade”, em que Moisés prefere a ficção ao atual estado da sociedade brasileira. No quesito “versões” (sempre tem alguma nos álbuns de Moisés), “Juízo Final”, de Nelson Cavaquinho e Élcio Soares, aparece dando a entender que vai ser um eletrotango para, logo depois da introdução, voltar a seu estado de samba. Dessa forma, Moisés Santana vai fazendo sua carreira de maneira criativa e pouco ortodoxa. E, sem muito olhar para rótulos e gêneros musicais, dá para dizer que, nessa carreira, a sigla MPB tem significado diferente: música plural brasileira.
POR MARCOS LAURO