Moto Contínuo

China

JOSÉ JULIO DO ESPIRITO SANTO

Publicado em 08/09/2011, às 12h02 - Atualizado às 12h08
China
China

Novo trabalho do cantor e VJ da MTV é pródigo em colaboradores e estilos

Conceitualmente, o segundo álbum solo de China não se distancia de Simulacro, lançado em 2007, carregando um balaio de referências musicais de períodos diversos. O tal balaio virou, revirou e misturou ainda mais as ecléticas influências do artista. Por vezes, ao ponto do irreconhecível. O que sobressai é a voz de China, cada vez mais diluída, em meio a uma fartura de instrumentos. “Boa Viagem”, a faixa de abertura, faz a eterna ponte com Recife numa ode torta ao bairro nobre da cidade. O tom muda para a surf music com a rebolante “Só Serve pra Dançar”, primeiro single do trabalho. Muda de novo no dueto com Pitty na romântica “Overlock”. E segue mudando ora com mais peso, como em “Programador Computador”, ora com a leveza singela de “Anti-Herói” ou “Terminei Indo”, em dueto com Tiê. O prazo indefinido para a gravação do disco, os diversos estúdios (seis ao todo) e os músicos que gravaram com China (membros do Mombojó, da Orquestra Sinfônica de Recife, Dengue, da Nação Zumbi e Vitor Araújo, entre outros) conferiram uma profusão de timbres diferentes que pedem sempre uma nova audição. Como em um moto- contínuo, aqui a energia não se dissipa.

Fonte: Trama

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