Banda busca novos horizontes com fórmula consagrada
Gravado em dois dias de show com casa cheia, o 17º disco dos Engenheiros do Hawaii traz velhas conhecidas, como "Toda Forma de Poder" e "Piano Bar", entremeadas por novas canções, já conhecidas pelo público graças à internet. Porém, a tecnologia crescente na área musical para facilitar o processo de criação não motiva o líder da banda gaúcha. Para Humberto Gessinger, os tais horizontes almejados no título do novo álbum parecem estar no lado contrário ao mundo digital. Eles se abrem para uma música mais brasileira e seus intrumentos típicos, segundo o engenheiro líder, que já havia declarado seu desinteresse pelo som eletrificado de guitarras. Na sintomática contracapa do disco, um violão e duas violas caipiras ganham o foco, enquanto que aqui e ali a palavra "Acústico" se confunde com o título. Ainda assim, a anunciada vontade de mudar fica na vontade. Como diz a inédita "Vertical": "mais fácil falar do que fazer". Novos Horizontes traz um mesmo modelo, cuja patente foi registrada há mais de 20 anos, quando lançaram Longe Demais das Capitais (1986). Por mais mudanças de line-ups, instrumentos e humores, por mais nova que seja uma música dos Engenheiros do Hawaii, ela é instantaneamente reconhecível. As dúvidas existencialistas de "Guantánamo" e o doce sarcasmo de "No Meio de Tudo, Você" são exemplares e gaitas ou cordas de aço não conseguem esconder a fórmula há anos engenhada. Ironicamente, "Cinza", composta em parceria com o antigo parceiro de longa data Carlos Maltz, é a que vai mais longe, com um rap meio nervoso. Os horizontes podem ser novos, mas a música deles vai ser sempre a mesma. Para o deleite dos fãs.
Por José Julio do Espirito Santo
Engenheiros do Hawaii
Novos Horizontes
Universal
12
10
2007