O Jardim das Horas
O Quarto das Cinzas
Curve Music
Grupo cearense muda de nome e também mexe em seu espectro sonoro
Entre 2004 e 2008, Laya Lopes (voz), Carlos Eduardo (guitarra e programação) e Raphael Haluli (baixo) atendiam pelo nome de O Quarto das Cinzas, tendo como registro oficial A Chave (2007), um EP em que a eletrônica dominava a influência brasileira. A mudança do nome parece não foi à toa. A brasilidade – que se escondia sob a densidade do trip-hop no EP – se expandiu aqui, e O Jardim das Horas está muito mais para Clara Nunes do que para Portishead (duas influências assumidas pelos cearenses). O Quarto das Cinzas, o disco, traz as cinco canções do EP em novos arranjos e mais sete músicas que redirecionam o som do trio para a Bahia sem tirar os olhos de Bristol. A bela voz de Laya ginga dentro de melodias suaves e remete da Gal Costa dos anos 70 à Daniela Mercury dos primeiros discos. A delicadeza de “Flora Pura”, o charme dançante de “Amarelolilás”, as duas versões de “Caminhando com a Bondade” se destacam em um disco repleto de boas surpresas para a velha MPB.
Marcelo Costa