Phil Collins
Going Back
Warner
Hitmaker ressurge com um tributo à Motown e à música negra dos anos 60
Phil Collins, outrora um multivendedor de discos, bom compositor, vocalista e multitarefas (ou, para os mais velhos, o excelente baterista do Genesis), reaparece, após um hiato de oito anos, com um tributo à era dourada do pop, especialmente ao Motown sound. Quem conhece a carreira solo do moço sabe que a velha gravadora de Detroit sempre foi uma paixão para ele, que já gravava uma versão de “You Can’t Hurry Love” (das Supremes) em seu primeiro disco, Face Value (1981). Além disso, uma audição mais atenta há de notar o acento R&B em canções do próprio Genesis, como “Illegal Alien” ou “No Reply at All”, cuja gravação conta com a participação do naipe de metais do Earth Wind & Fire. Agora, Collins reúne-se aos Funk Brothers Bob Babbit (baixo), Eddie Willis e Ray Monette (guitarras) para enfileirar versões simpáticas de canções dos velhos mestres. Ele não faz feio nas animadinhas “Jimmy Mack”, “Uptight (Everything Is Alright)” e “(Love Is Like a) Heatwave” e não compromete em interpretações mais sérias, como na psicodélica “Papa Was a Rolling Stone”, na belíssima joia de Stevie Wonder “Never Dreamed You’d Leave in Summer”, na pungente faixa-título (de Gerry Goffin e Carole King) ou na aerodinâmica “Do I Love You” (de Phil Spector). Competente e sincero, este é o melhor trabalho solo de Phil Collins em muito, muito tempo. E o mais bem-sucedido também: o álbum chegou ao primeiro posto da parada inglesa.
Carlos Eduardo Lima