Rolling Stone Brasil
Busca
Facebook Rolling Stone BrasilTwitter Rolling Stone BrasilInstagram Rolling Stone BrasilSpotify Rolling Stone BrasilYoutube Rolling Stone BrasilTiktok Rolling Stone Brasil

Relax

Kassin

José Flávio Júnior Publicado em 19/04/2018, às 01h09 - Atualizado às 01h10

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
Kassin - Reprodução
Kassin - Reprodução

Há mais de duas décadas, Kamal Kassin deixa Pegadas na música pop brasileira. A estreia do Acabou la Tequila, banda que o projetou no cenário independente, data de 1996. Ou seja, já houve tempo o suficiente para nos acostumarmos com seus caminhos estéticos – sempre plurais, algo que ele aprendeu em casa, com o irmão mais velho discotecário. Em Relax, sua mente multifacetada volta a encantar e confundir. A distância para o antecessor, Sonhando Devagar, de 2011, não quer dizer muita coisa. No novo disco, o produtor, baixista e cantor de voz peculiar repete colaboradores, chamando até mesmo o recém-falecido Carlos Eduardo Miranda para novamente definir a ordem das faixas. E a missão de encadear disco-funk, bossa nova, power pop, bolero, jovem guarda e samba torto, entre outros gêneros abordados, não é das mais prosaicas.

Mas a verdade é que o ouvinte afeito à amplitude do trabalho de Kassin achará a própria trilha sozinho. Quem prefere a faceta mais absurda do músico carioca vai entrar no clima de pilantragem de “Digerido”, música que narra um processo de canibalismo, com a carne morta sendo mastigada e depois se despedindo das outras comidas no estômago na hora da evacuação. “Sua Sugestão” mantém a pegada sessentista, porém em rotação roqueira, e falando de micróbios e átomos que conspiram todo dia para algo dar errado. Já “O Anestesista”, uma “math bossa” lançada primeiramente em um disco em parceria com a banda polonesa Mitch & Mitch, clama por um anestesista particular para dar um pouco de gás nos momentos mais difíceis da vida.

Além de pintar quadros surrealistas, Kassin se preocupa em povoar a pista de dança com versos singelos. A faixa-título é o melhor exemplo disso, basicamente um tributo à dupla de produtores Robson Jorge e Lincoln Olivetti. “Momento de Clareza” é outra pérola funk com jeito de virada dos anos 1970 para os 1980. E, para garantir o sucesso da festinha retrô, Hyldon surge ao lado da banda portuguesa Orelha Negra para a releitura de “Estrada Errada”, que o soulman lançou em 1976.

Com um cardápio tão farto, o dueto com Clarice Falcão na versão de “Coisinha Estúpida” fica parecendo aquele acompanhamento que não precisava ter sido pedido. Mas, com Kassin, toda refeição tem cara de banquete. É fazer o prato com o que mais apetecer e, depois da comilança ogra, dar aquela relaxada.

Fonte: Lab 344