The Beach Boys
Banda celebra 50 anos recordando o passado, mas diz que a diversão também acaba
O primeiro álbum de verdade dos californianos desde o pavoroso Summer in Paradise (de 1992, sem Brian Wilson) naturalmente trafega pela nostalgia, tanto nos temas quanto na concepção musical. Um grande problema dentro dos Beach Boys sempre foi o cabo de guerra entre Mike Love e Brian Wilson. Love parece ter amolecido com o tempo e graciosamente deixa as rédeas nas mãos do primo talentoso e problemático; o disco é cria de Wilson, que, mesmo com seus conhecidos traumas, cuidou da produção do trabalho, teve mão em 11 das 12 novas composições e cantou boa parte delas. Existe pouca participação externa e o conteúdo em sua maior parte é tocado e cantado por Love, Wilson e pelos outros beach boys sobreviventes, David Marks, Al Jardine e Bruce Johnston. Os arranjos vocais são sublimes – ninguém jamais cantou ou vai cantar como os Beach Boys. “That’s Why God Made the Radio”, a canção, é lenta, com o refrão se apropriando da melodia do tema do filme Perdidos na Noite. O disco foi concebido como um antigo LP: no “lado A” estão as canções na linha sol e diversão, como “Daybreak Over the Ocean”, “Spring Vacation”, “Isn’t It Time” e “Beaches in Mind”; o “segundo lado” é reflexivo, orquestrado e solene, destacando “Strange World”, “Pacific Coast Highway” e “Summer’s Gone”. Nesta última, uma bela canção de ninar, Brian canta: “Nós sonhamos, então morremos/E sonhamos sobre nosso passado”. Os Beach Boys ainda exaltam o verão eterno, mas não escondem que, no crepúsculo de sua existência terrena, uma sombra se coloca entre eles e o sol.
Fonte: EMI