Some Girls
The Rolling Stones
ZECA AZEVEDO
Publicado em 05/01/2012, às 11h26 - Atualizado às 11h42Sai edição melhorada de álbum que marcou a reinvenção dos Stones
Algumas garotas sabem se virar em momentos de crise. A segunda metade dos anos 70 teve sua cota de crises culturais. No âmbito da música pop, a crise ganhou contornos de transtorno bipolar. O cenário dividiu-se entre a euforia purpurinada da disco music (adotada pelas massas) e a escatologia encenada do punk (defendida por “formadores de opinião”). Todos os Joões que não eram travoltas ou podres ficaram fora de moda em um vapt-vupt. Os Rolling Stones, safos, não se intimidaram com os bafos na nuca: com Ronnie Wood integrado de vez ao grupo, decidiram injetar o sacolejo “disco” e a abrasividade punk na veia do rock banhado de blues, R&B e country que praticavam. O resultado foi Some Girls, um triunfo artístico e comercial – e um chutão nos fundilhos de quem pensava que as pedras não rolavam mais. Canções como “Miss You”, “Shattered”, “Beast of Burden” e “Far Away Eyes” chacoalham corações e mentes mundo afora há mais de 30 anos. Sim, Some Girls é uma obra-prima do rock. E é possível melhorar uma obra-prima? Sim. A nova edição acrescenta 12 faixas ótimas e inéditas ao álbum original, destacando o country “Claudine” (“homenagem” stoneana à ex-atriz e cantora Claudine Longet, acusada de matar o marido) e até um cover para “You Win Again”, de Hank Williams. Este CD bônus é tão bom que, se fosse lançado separadamente, com capa e título próprios, seria considerado o melhor disco dos Stones desde... Some Girls, talvez? Algumas garotas são mesmo inesquecíveis.
Fonte: Universal