The Strokes
Angles
Sony
Longe de grandes expectativas, quarteto entrega disco focado e pouco óbvio
Na música, o senso comum é um mal que cria centenas de clones reproduzindo fórmulas. Angles empolga justamente porque não persegue aquele Strokes “clássico”, que todos se viram amando em 2001. E surpresas são bem-vindas, até essenciais, no pop. O quarto trabalho da banda representa um passo para a frente, ainda sem direção definida. A batida de reggae em “Machu Picchu” mostra um Strokes desa celerado, agora sem o peso da responsabilidade de salvar o rock. Quem busca mais do mesmo pode vestir a carapuça oferecida pelo verso inicial (“Estou colocando sua paciência em teste”). As experiências dos integrantes durante os cinco anos em que ficaram sem gravar ressoam aqui, ainda que as obsessões oitentistas do vocalista Julian Casablancas even tualmente acabem falando mais alto. Os delicados efeitos eletrônicos de “Two Kinds of Happiness” e “Games” quase nos fazem esquecer que o Strokes é uma banda de rock originalmente. Não que a sonoridade de garagem, que perseguia Velvet Underground e Talking Heads, tenha sido abandonada. “Under Cover of Darkness”, a música de trabalho, parece sobra dos discos anteriores. Para quem começou a carreira com um disco já perfeito Angles é um recomeço promissor.
BRUNO YUTAKA SAITO