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Tom Waits

Redação Publicado em 04/02/2010, às 12h11 - Atualizado às 12h11

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Tom Waits - Glitter and Doom Live - Divulgação
Tom Waits - Glitter and Doom Live - Divulgação

Tom Waits

Glitter and Doom Live

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Nem o fã do mais macabro heavy metal há de negar que a voz de Tom Waits põe medo. Mas Glitter and Doom Live, novo disco ao vivo de Waits, assusta mais por trazer blues e rock de primeira ordem, tocados com rara intensidade e dignos da mais rica tradição musical americana, do que pela voz de seu leading man. As baterias e as guitarras de “Lucinda/Ain’t Goin’ Down to the Well No Mo” abrem o disco pulsando contundentes. O áudio parece rachar a cada chicotada rítmica e a cada gemido elétrico proferido atrás do cantor. Não há como não pensar no legendário bluesman Howlin’ Wolf e seu vocal cheio de veneno registrado em gravações pela Chess nos anos 50. Wolf fazia miséria cantando sobre mulheres e perversões sexuais à frente de um afinadíssimo quarteto. Waits é o filho pródigo, a cria grotesca desse estilo. Sua música, embora escura e bizarra, traz na essência a ânsia de liberdade e o canto profano que ressoam nas gravações dos grandes mestres. Esse paradoxo é o que seduz o ouvinte de Glitter and Doom. Enquanto Waits declama sua poesia bêbada, oriunda de sarjetas, povoada de prostitutas e assassinos, sua banda o acompanha com leveza e elegância quase hipnóticas, síntese de que na mesma alma o belo e o nefasto convivem a um palmo de distância.

Roberto Nascimento