Travis
Ode to J. Smith
Sony/BMG
Descontração e informalidade dão o tom em novo trabalho dos escoceses
Se hoje Chris Martin pode chorar seus poemas tristes em cima de um palco, a culpa é do Travis. No ótimo The Man Who, o quarteto escocês foi o primeiro grupo a enxugar os excessos do Radiohead e misturar com o folk inglês dos anos 60 para iniciar o processo do easy rock do século 21. Três álbuns depois, a banda chega a Ode to J. Smith tendo enfrentado o estrelato (The Man Who e The Invisible Band ficaram entre os mais vendidos em seus anos de lançamento), experiências de quase-morte (o baterista pulou de cabeça numa piscina vazia) e uma calmaria na carreira (a ponto de produtores brasileiros recusarem se envolver na tour pela América do Sul, ano passado). A experiência, no entanto, deixou a banda mais solta. Ao contrário dos trabalhos anteriores, o novo disco foi gravado em duas semanas e lançado com um intervalo de um pouco mais de ano em relação ao anterior. O resultado se aproxima do som da estréia, o roqueiro e desencanado Good Feeling: guitarras ditam todas as 11 faixas. Elas são bubblegum como Weezer um dia foi em "Something Anything", puxam uma homenagem ao R.E.M. independente em "Friends", servem de apoio épico à triste "Before You Were Young" e sabem até quando sair de cena em "Last Words", levada no banjo de "Flowers in the Window".
Rodrigo Salem