Green Day
Mais fraco da trilogia, disco evidencia pressão para reencontrar glórias passadas
Visto de longe, parecia mesmo uma grande jogada essa de lançar três discos em seis meses. A ação denotaria o esforço criativo e a abundância infinita de ideias de um Green Day com duas décadas nas costas, veterano e não mais tão unânime. A teoria, porém, funciona melhor do que a prática. Após gastar cartuchos em álbuns conceituais bem recebidos (American Idiot e 21st Century Breakdown), só mesmo se a banda se reinventasse novamente ou retornasse às origens sem cair no ridículo. Não foi nem uma coisa nem outra, mas algo no meio do caminho. E avaliando ¡Uno!, ¡Dos! e ¡Tré! juntos é que percebe-se que o Green Day exagerou na própria dose. As 37 músicas poderiam facilmente se tornar apenas um único bom disco com 15 faixas, e ainda assim, não seria um dos melhores da trajetória da banda. ¡Tré! até é diversificado, apesar de basicamente em marcha lenta – começa com a balada movida a dedilhados “Brutal Love”, passa pelo pop açucarado (“8th Avenue Serenade”, “Amanda”) e finaliza com a melada “The Forgotten”. Nada é exatamente ruim, mas como grande parte de ¡Uno! e ¡Dos!, falta certa alma – ou os lampejos de genialidade que eram constantes no até hoje inigualável Dookie. Não foi por coincidência que Billie Joe Armstrong sofreu um colapso no palco e foi para a reabilitação um dia antes de lançar ¡Uno!: a pressão para superar os próprios limites talvez tenha sido demais.
Fonte: Warner