Lucas Silveira
Beeshop
Arsenal
Lucas, vocalista do Fresno, lança projeto paralelo bem diferente de seu grupo titular
O Beeshop, não tão secreto projeto alternativo de Lucas Silveira, só faria algum sentido se apresentasse um material realmente diferente da música que o consagrou no Fresno. A surpresa já surge impactante, na forma de mares nunca antes escutados – pelo menos provenientes de um roqueiro idolatrado por adolescentes e estereotipado negativamente pela mídia. As músicas do Beeshop são em inglês. E, com exceção das baterias e de um ou outro instrumento extra, tudo foi arquitetado, tocado e produzido pelo próprio Lucas. Cuidando com esmero de seu brinquedo, ele transita entre estilos e exibe versatilidade e referências o bastante para surpreender desafetos e desavisados. “Cookies” remete à trilha de cabaré e é palco para o vocalista evocar uma de suas fontes de inspiração – o Queen setentista. “Lovers Are in Trouble”, recheada com metais (programados), remete aos musicais da Broadway, assim como “Driving All Night Long”, com falsetos e levada de piano martelado. E, por falar em piano, Lucas esnoba em “All I Need”. É de surpreender a habilidade latente de Lucas para se distanciar com personalidade do rock açucarado que o tornou famoso (se bem que há três ou quatro faixas ali que poderiam facilmente estar no próximo disco do Fresno). O Beeshop atesta o desejo crescente de Lucas de ter seu status artístico elevado – e ele cumpre a missão. Resta saber se a boa impressão também será transmitida para novas audiências, e não apenas a seus fãs já estabelecidos.
Pablo Miyazawa