Wander Wildner
Caminando Y Cantando
Fora da Lei / Unimar Music
Romantismo, brega e sátira em novo trabalho do bardo gaúcho
Wander Wildner permeia o esculacho letrístico e o descompromisso sonoro. O que não descredencia- lhe, mas o mantém incógnito. Pois este mesmo bufão é capaz de produzir baladas poderosas como “Bebendo Vinho” e “Eu não Consigo ser Alegre o Tempo Inteiro”. Caminando Y Cantando, sexto álbum de estúdio do autoproclamado punkbrega, funciona como uma carta de intenções, desanuviando sua obra em 11 faixas. Sustentado em covers, espanhol selvagem (mistura de castelhano e portunhol), instrumentação crua e bom humor, o disco é uma miscelânea satisfatória à compreensão do artista. Dado a versões caricatas, Wander se contradiz propositalmente em “A Palo Seco”, clássico de Belchior e do cancioneiro setentista. A década é citada ainda em “Viajei de Trem”, de Sérgio Sampaio, e “Clo”, gravada pelo grupo folk sulista Almôndegas. Wildner derrama sua veia apaixonada em “Dani”, do comparsa Jimi Joe, e repagina Júlio Reny usando “Amor e Morte”. A melancolia inata do gaúcho é perceptível em “As Coisas Mudam”. “Boas Notícias”, “Pra Ti Juana” e “Calles de Buenos Aires” aludem ao ideário errante do cantor, linkando Alemanha e América do Sul. Contudo, ao pesarem na comicidade, as três canções reativam o benefício da dúvida: Wander Wildner leva-se ou não a sério?
TIAGO SANTOS-VIEIRA