Steven Spielberg
Há dois lados completamente díspares no cinema de Steven Spielberg: a faceta pop; e o lado fascinado pela história e por temas complexos. As edições especiais de Amistad e O Terminal pertencem ao segundo grupo. Um trata dos Estados Unidos de ontem; o outro, da confusão geopolítica atual. E esses recém-lançados discos em Blu-ray destrincham os conceitos de cada produção. Amistad relata um incidente real do século 19. Escravos se apoderaram do navio negreiro que os levava para a América e tentaram retornar à terra de origem. Em vão. Foram capturados e o destino deles foi decidido nos tribunais. Para os indivíduos julgados, trata-se de uma luta pelos direitos básicos, mas o filme também coloca em cheque os próprios alicerces do sistema judiciário norte-americano.
Igualmente sobre a questão de direitos trata O Terminal. Temos a história de um homem (Tom Hanks) que, por causa de uma guerra, perde a nacionalidade e, com ela, o direito de entrar nos Estados
Unidos. Torna-se um não cidadão e não pode ir nem vir: a existência dele se resume a um terminal aéreo. Aí está a vida contemporânea, implacável em sua racionalidade. Não existe linguagem capaz
de equacionar os problemas tanto dos escravos de Amistad como do estrangeiro perdido de O Terminal. Mas Spielberg, otimista incorrigível, acredita que as emoções são como o esperanto da humanidade, capazes de gerar o entendimento. Esse sempre foi o segredo do sucesso dele com o público.
Fonte: Paramount