Macalé, filme do cineasta Eryk Rocha agora editado em DVD, escapa do perigo de ser um extenso making of da gravação do revisionista álbum Jards (2011). Evocando o estilo da cinematografia do pai dele, Glauber Rocha, Eryk se desvia dos depoimentos protocolares de protagonista e convidados. O filme Macalé expõe a criação do artista mais pelos silêncios do que pelos sons, embora exiba a gravação de músicas emblemáticas da obra do compositor, como “Mal Secreto”, revivida por Macalé com a guitarra de Frejat, e “Movimento dos Barcos”, ouvida com a imagem em close no cantor em estúdio, permitindo a visão da imperfeição dos dentes dele. Esse é o ponto: nada parece maquiado.
Vozes e ruídos são alocados de forma incidental na narrativa lenta. Não por acaso, as primeiras imagens do filme são difusas. A câmera espreita Macalé no estúdio, nas ruas
do Rio de Janeiro e em casa. O estilo do diretor sobressai no documentário mais do que a música.
Fonte: Biscoito Fino / Canal Brasil