Esqueça o tom épico e mitificador de filme bíblico. Essa versão da paixão de Cristo de Pier Paolo Pasolini é a mais autêntica já produzida. Ele se recusou a colocar qualquer ator conhecido em cena: o elenco é formado por amadores, a maioria operários e camponeses. E para ambientar a ação Pasolini preferiu encenar o espetáculo nas favelas no sul da Itália. Assim, a Jerusalém de Pasolini não é no Oriente Médio, mas em Matera, na época um lugar tão miserável que algumas pessoas ainda moravam em cavernas. Mas prodigiosa mesmo é a forma como o diretor se atém ao rosto dos atores. Jesus emerge do grupo como um homem de temperamento inflamado, cheio de falhas. O interesse não está na decisão do personagem, mas sim nas suas incertezas.
Fonte: Versátil