Pacote com CD e DVD tenta desvendar o poder ao vivo do stoner rock
Vivenciar um show do Queens of the Stone Age é algo perigoso. Nem precisávamos da supercompetente polícia carioca para descobrirmos isso - prenderam o baixista Nick Oliveri porque ele tocou como veio ao mundo no último Rock in Rio e só liberaram o moço depois de um pedido de desculpas. Mesmo sem Oliveri na linha de frente desde 2005, as apresentações dos inventores do stoner rock (ainda quando estruturavam metade do Kyuss) continuaram destrutivas. Over the Years and Through The Woods tenta capturar em CD e DVD a experiência de vida que é confrontar empurrões, pontapés e um dos melhores concertos que o rock pode produzir na atualidade. Não é preciso nem dizer que o filé mignon está no DVD, com gravações de dois shows realizados na Inglaterra que reúnem mais de três horas de extras impagáveis, inclusive com a presença da inédita "Fun Machine" e de cenas de bastidores que valem o investimento. Mesmo assim, o CD não é para ser desprezado. Josh Homme, o gênio por trás dos riffs incríveis mais sem frescura dos últimos dez anos, demonstra que não precisa de um estúdio bonzão e de botões para levantar milhares de pessoas. O disco equilibra todas as fases da banda, dando um pouco mais de destaque para o último trabalho, Lullabies to Paralyze, e não se preocupa em entregar apenas hits. Enquanto ouvimos a versão definitiva de "No One Knows" e a inesperada "I Wanna Make It Wit Chu", forjada nas famosas Desert Sessions, Homme destrói um mané da platéia que insistia em jogar copos no vocalista. Ele manda apontarem a luz para o sujeito e diz entre "Monsters in the Parasol" e "Tangled Up in Plaid": "Você é um pau no cu mesmo. Tentei me aproximar cinco vezes e não pára de jogar coisas. Agora todo mundo sabe que você é um pau no cu!" Sim, o show do QOTSA pode ser ainda mais perigoso quando se é um pau no cu.
Por Rodrigo Salem
Show
Universal
01
11
2006