A principal qualidade deste documentário dirigido e coescrito por Stevan Riley é que ele é construído com material pessoal do próprio Marlon Brando, incluindo filmagens íntimas no formato Super 8 e fitas caseiras de áudio. O que se testemunha aqui é a percepção que ele mesmo tinha da vida e da carreira, revelando um retrato nem sempre lisonjeiro da personalidade controversa e irascível que tinha. No aspecto pessoal, muito se descobre a respeito dos ressentimentos que nutria em relação ao pai e das dores que viveu em família, em especial tragédias ligadas ao filho Christian, que em 1990 matou o namorado da meia- -irmã. Do lado profissional, o astro não poupa venenos em relação a nomes como Hedda Hopper, influente jornalista de fofocas da época
de ouro de Hollywood, e até mesmo o diretor Francis Ford Coppola, com quem alimentou intensos conflitos durante as filmagens de Apocalypse Now (1979). O documentário também é impiedoso em relação à imagem do ex-sex symbol, que ao longo dos anos se tornou uma figura triste e ressentida. Mas no final o longa só ressalta a força mítica intocável de Marlon Brando.
Fonte: Universal