Biscoito Fino
Pretensão atrapalha o resultado final desta série sobre a criação musical
Infelizmente, a encarnação televisiva do ator, compositor e cantor carioca Paulinho Moska é tão errática
quanto sua carreira musical. Seu programa, exibido às quintas pelo Canal Brasil, é amarrado por um formato previsível – sempre as mesmas perguntas e um dueto no final – e quase pedante. Só mesmo os fãs muito fervorosos aguentam o discurso pretensioso de artistas, digamos, cerebrais, sempre de pés descalços e no maior clima de brodagem com o apresentador. O problema é a pauta: pergunte a Lenine, Chico César, Zeca Baleiro e Pedro Luís sobre o seu processo de composição e ganhe viagens intermináveis,
como comparações com partos, orgasmos e vômitos. Zeca Pagodinho é quem salva. O único a subverter o formato. Numa mesa de boteco armada no set de filmagem, ao lado de parceiros e mestres como Monarco, Arlindo Cruz e Mauro Diniz, o cantor conta e ouve ótimas histórias do passado do samba.
Melhor: resiste às intervenções intelectualoides de Moska e simplifica um pouco do que sabe a respeito do ofício de compositor. Aí, sim, a aula fica bacana.
HELIO GOMES