Carlos Saldanha
Pré-História em 3D
Franquia de animação continua com fôlego e fica ainda melhor no formato digital
A era do gelo 3 é um cabo-de-guerra entre passado e futuro. De um lado, a bem-sucedida franquia do brasileiro Carlos Saldanha traz de volta os nossos conhecidos amiguinhos préhistóricos: os mamutes Manny e Ellie, o tigre dente-de-sabre Diego e o preguiça Sid, além da doninha Buck, uma espécie de Indiana Jones da selva, só que mais lelé. Ao mesmo tempo, a série faz sua estreia no formato 3D, tecnologia com eterna promessa de rebaixar a paleozoico o cinema feito até agora. Neste puxa pra lá, nessa briga entre o ontem e o amanhã, quem ganha mesmo é o presente. Sim, o terceiro episódio da saga se passa há milhares de anos – e ainda revive os dinossauros, extintos há outros milhões deles e que agora vivem num paraíso perdido à la Jurassic Park. E, sim, também, o futurista 3D dá a impressão de que, a qualquer hora, o esquilo Scrat vai dar um duplo twist carpado e arremessar no colo do espectador, atrás da noz fujona que, agora, disputa com uma pretendente. Mas os valores que arrebatam plateias desde o nascimento do cinema continuam atuais: os laços afetivos de um grupo disfuncional. Sem dúvida, uma bela forma de quebrar o gelo da crise na indústria cinematográfica.
Entrevista com o diretor Carlos Saldanha
Como surgiu a ideia de fazer A Era do Gelo 3 em 3D?
Quando começamos o terceiro filme, não tinha muitos filmes sendo produzidos assim. Mas o pessoal da Fox veio e disse: “Olha, daqui a três anos vai quadruplicar o número de cinemas digitais”. Fomos pegos de surpresa, mas isso não afetou a parte criativa. A história precisava funcionar tanto em 3D como em tela normal.
Qual a próxima barreira a ser quebrada pela animação?
Animação é animação. Se mudar muito, vira outra coisa. Se vamos interagir com personagens na tela, já não sei. Mas, no final do dia, você vai querer ver um bom filme e é isso que importa.
POR ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER