Nelson Hoineff
Arauto das Partes Baixas
Chacrinha é o foco de documentário fragmentado
O cidadão Abelardo Barbosa, o chacrinha, nunca quis ser unanimidade. Seus defensores argumentam que ele deu chance a muita gente e bagunçou a percepção do gosto popular na cultura brasileira – afinal, ele foi considerado um patrono não oficial do tropicalismo. Seus detratores apontam os vícios do Velho Guerreiro, como a prática do jabá e a exploração das partes femininas na tela pequena. Neste documentário, Nelson Hoineff seguiu seu estilo naturalista e não ligou para o contexto histórico ou cronológico. Imagens (algumas bem raras) e depoimentos são jogados sem muita coerência. Talvez a ideia fosse pintar o Chacrinha como alguém maior que a vida. E o que temos? Nomes como Roberto Carlos, Fábio Jr. e outros relembram com carinho o apresentador. O filme tira da tumba vários calouros que foram buzinados e ganharam o infame troféu abacaxi. As chacretes surgem como mulheres que envelheceram empobrecidas e longe do glamour. Depois de mais de uma hora de balbúrdia chacriniana, o filme pelo menos faz jus ao lema do apresentador e mostra que veio para confundir e não explicar.
POR PAULO CAVALCANTI