Lars von Trier
Willem Defoe, Charlotte Gainsbourg
Controvertida obra tem cenas marcantes, mas o roteiro é bem raso
Talvez o filme mais aguardado pela crítica no último Festival de Cannes, Anticristo, do dinamarquês Lars Von Trier (Dogville, Dançando no Escuro), decepcionou os fãs do diretor. A história com toques de terror é das mais simples: um homem e uma mulher cujos nomes nunca são ditos (Willem Defoe e Charlotte Gainsbourg) sofrem com a perda do filho pequeno em um acidente e se refugiam em uma casa no meio da floresta para superar o trauma. O que poderia render mais uma obra-prima de Von Trier acabou resultando em um misto de cenas belas e sublimes (o prólogo que mostra sem diálogos a morte da criança, ao som de Händel) e outras que flertam com o trash (a parte final, mais violenta, com direito a mutilação genital). Tudo porque o cineasta entrou em uma grave depressão, que o fez interromper a criação do roteiro, fazendo-o assumir depois que o escreveu “com apenas metade de suas capacidades mentais”. No fim das contas, Anticristo é prova de que cinema não se faz apenas com visual, mas precisa de um bom roteiro. No entanto, como Von Trier tem um talento natural para as imagens, algumas partes valem mais do que o todo. Se desta vez o cineasta não realizou um grande filme, ao menos continua oferecendo uma experiência misteriosa e fascinante.
POR THIAGO STIVALETTI