À Beira do Abismo

Bom thriller psicológico se perde quando vira convencional filme de ação

Desde o início, dá para se perceber uma interpretação contida e pragmática do núcleo dramático de À Beira do Abismo, do desconhecido dinamarquês Asger Leth. Essa falta de entrega do elenco poderia se tornar o maior trunfo do diretor, que preenche a rigidez e o vazio cênico com planos bem construídos, dando ao filme o tom certo de suspense. Aqui, um ex-policial procurado pela Justiça resolve se matar pulando do alto de um prédio de Nova York e chama uma policial psicóloga para fazer a negociação. A cidade cosmopolita de múltiplas identidades é o cenário ideal para se explorar o exercício do espetáculo e o contraponto do indivíduo diante da multidão. E o excesso de câmeras altas e vertiginosas intensifica a sensação de acrofobia. Mas esse potencial de se trabalhar com a sugestão se evapora quando o filme abandona o mergulho psicológico e busca explicações numa história paralela, diluindo a força do roteiro e colocando esse trabalho na vala comum dos filmes medianos de rápida absorção.

Elenco: Sam Worthington e Elisabeth Banks