Rosane Svartman
Olívia Torres, Kayky Brito
Filme retrata o universo adolescente e o alto-astral do Rio de Janeiro
Depois do paulistano as melhores Coisas do Mundo e do gaúcho Antes que o Mundo Acabe, chegou a vez de Rosane Svartman (Como Ser Solteiro) mergulhar no mundo, nos amores e desamores da classe média adolescente carioca. O mergulho é literal: a cena inicial mostra a protagonista Priscila num suposto afogamento, com locução em off questionando se vale a pena viver. Mas o filme está longe de ser um tratado existencialista. É nada mais do que um retrato leve e desprovido de estereótipos das pessoas ao redor da donzela de 16 anos. Durante uma viagem da mãe, Priscila faz planos para perder a virgindade com o surfista garanhão Rafa. Regido por essa ingenuidade pueril dos amores de praia, Desenrola lembra o repertório de Rohmer, adaptado aos tempos do ce- lular e do YouTube. A escolha de parte do elenco por meio de concursos na internet ajudou no resultado cênico mais despojado, mais verdadeiro e menos teatral. O filme tem espontaneidade de sobra, mas densidade de menos. Desenrola é efêmero como uma brisa de verão.
POR ÉRICO FUKS