Anna Muylaert
Glória Pires, Paulo Miklos
Atriz global e titã mostram boa química num romance rock’n’roll
Como já fez em Durval Discos (2002), a cineasta Anna Muylaert constrói neste segundo longa nova crônica paulistana sobre pessoas comuns, pontuada por ótima trilha sonora e com um começo leve e ligeiro que se torna sombrio por um fato inesperado. Mas, se no filme de estreia a diretora perde o controle na virada de tom, em É Proibido Fumar ela acerta ao introduzir a virada mais tarde na trama, resolve bem a mudança de registro e conta com a surpreendente química entre a veterana Glória Pires e o ator de jornadas recentes Paulo Miklos. Ela interpreta uma solteirona à beira dos 40, uma professora medíocre de violão e fumante contumaz, que se envolve com o novo vizinho, um músico que sobrevive de cantar sambas numa churrascaria. Muylaert e a dupla de atores conseguem extrair empatia de tipos e situações banais. Miklos ajudou a incluir na trilha pérolas esquecidas dos anos 60/70, na confluência do samba com o pop, como Bola Sete, Cyro Aguiar e Juca Chaves. Já os Estudos de Violão de Heitor Villa-Lobos comentam a trama, e há pontas de músicos como Pitty, Theo Werneck e André Abujamra. Em mais uma obra de espírito rock’n’roll, Muylaert concebe desta vez personagens críveis e gente como a gente. E o filme tem timing perfeito em tempos de lei antifumo.
Por Christian Petermann