Com Isabelle Huppert e Laurent Lafitte
Isabelle Huppert vive Michèle, uma mulher de negócios bem-sucedida e implacável. Acha-se acima do bem e do mal até passar por um evento traumático: um mascarado invade sua casa e ela é estuprada. Tão perturbadora quanto a violência é a reação posterior da personagem. Ela conta o ocorrido à família sem um mínimo sinal de abalo, o que provoca estranheza. Depois, secretamente revela o prazer de imaginar
o crime se repetindo. Essa proposição perversa é usada por Verhoeven como forma de expiação de uma sociedade perturbada. O diretor leva o espectador a um passo além do que havia esboçado em Instinto Selvagem (1992). Naquele, o poder feminino era retratado com uma certa indulgência barata, e a cabeça dos homens era infantilizada, girando apenas em torno de sexo. Era uma sátira; Elle é uma tragédia. As contradições tornam-se mais profundas e agudas neste incômodo filme.
Fonte: Dirigido por Paul Verhoeven