Diretor britânico viaja pelos estados alterados da mente em obra-prima visual
Certos cineastas deveriam ser apreciados mais do que como meros “diretores”: são os artistas experimentais por opção, habilidosos contadores de fábulas visuais, visionários da narrativa que se dedicam a transformar a arte dos filmes em uma provocação dos sentidos, ou em experiências transcendentais. Nessa rara categoria dos geniais artesãos cinematográficos brilham poucos nomes de calibre atualmente, como Ang Lee, Darren Aronofsky e Danny Boyle. Este último é o arquiteto responsável por tornar Em Transe um dos mais interessantes thrillers psicológicos dos últimos anos. O inspirado e entrosado trio de protagonistas McAvoy-Rosario-Cassel ajuda muito, e os temas instigantes também: amnésia, hipnose e os estados alterados da mente (quanto menos o espectador souber previamente os detalhes do enredo, melhor). Mas o mérito maior de Boyle é enganar o público com esmero, nos fazendo pensar que compreendemos o tipo de filme que Em Transe realmente é. A espetacular sequência inicial – um assalto durante um leilão de obras de arte – deveria dar o tom frenético do que está por vir, mas logo os limites tradicionais do gênero deixam de ser respeitados e tudo vira de ponta-cabeça. Após o desfecho, absurdo e inesperado, é o próprio público que percebe ter estado em transe durante o filme inteiro.
Fonte: Danny Boyle
Elenco: James McAvoy, Rosario Dawson e Vincent Cassel