Êxodo: Deuses e Reis
Ridley Scott
André Rodrigues
Sempre há algo brutalmente fascinante acontecendo em um filme típico de Ridley Scott. Assim, utilizar um tema bíblico parecia ser inevitável na carreira do cineasta. Em Êxodo: Deuses e Reis, temos a história de Moisés (Christian Bale), o filho de escravos hebreus criado como príncipe em meio à nobreza do Egito. O enredo é conhecido. Ao se reencontrar com suas origens, ele lidera a revolta contra o faraó Ramsés (Joel Edgerton) e leva seu povo para a Terra Prometida. Assim como o recente Noé, de Darren Aronofsky, a leitura contemporânea cinematográfica de trechos da Bíblia toma lá suas liberdades e mostra homens enlouquecendo com o poder de um Deus misterioso. Infelizmente, em Êxodo o roteiro não consegue abordar com eficácia as fricções da dupla principal formada por Bale e Edgerton. Não há tempo para desenvolver a complexidade dessa relação dos dois, nem outros personagens importantes – afinal ainda teremos pragas, corridas de bigas e, claro, as águas do Mar Vermelho. Mas, sempre que há espetáculo, Ridley Scott se
dá bem e cria imagens inesquecíveis.