Dirigido por Guillermo del Toro
Com Michael Shannon e Sally Hawkins, filme volta no tempo para mostrar com sensibilidade temas pertinentes à atualidade
À primeira vista, A Forma da Água parece até um filme simples. Mas del Toro conta essa história com desenvoltura, inteligência, estilo e coração. Ele comprime várias particularidades da cultura pop dos anos 1950 e 1960 imediatamente identificáveis: a paranoia da Guerra Fria e a derrocada do cinema por causa da concorrência com a TV. Também fala de intolerância, racismo e homofobia. Tudo isso é comentado através de uma história de amor entre uma humilde faxineira muda (Elisa, vivida por Sally Hawkins) e uma criatura anfíbia aprisionada em um laboratório do governo. O filme cativa desde o princípio, pelo desempenho delicado de Sally e pela atuação do elenco de apoio formado por Richard Jenkins, Octavia Spencer e Michael Stuhlbarg, todos navegando entre os contrastes da fantasia e o desencanto com a realidade, muitas vezes torpe. E há momentos de puro deslumbre nas cenas aquáticas, nas adoráveis homenagens aos musicais e na trilha memorável de Alexandre Desplat.