José Henrique Fonseca
Cinebiografia relembra o “avô” dos bad boys do futebol
O cinema brasileiro é meio perna de pau na hora de registrar os dramas que movem o futebol. Com raras exceções – como Garrincha, Alegria do Povo (1963) e Boleiros (1998) –, o audiovisual nacional pouco honrou a história trágica e empolgante de craques canarinhos. Heleno preenche com êxito parte dessa lacuna. Em certa medida, o filme faz para o futebol o que Touro Indomável (1980) fez pelo boxe: injeta paixão na trajetória de um esportista autodestrutivo. Com brilhante fotografia – em preto e branco – de Walter Carvalho, o longa relata a carreira do jogador Heleno de Freitas, herói do Botafogo carioca nos anos 40. Bonito e mulherengo, seria o avô espiritual dos bad boys dos últimos anos – como Romários e Adrianos, craques conhecidos por treinar pouco, mas jogar muito. Personagem trágico, ele atingiu o auge e em seguida desmoronou ladeira abaixo por causa de sua violência, jeito intratável e a sífilis – acabou seus dias esquecido em um sanatório. Contado por meio de vários flashbacks e com uma atuação empolgante de Rodrigo Santoro (que consegue misturar sua porção galã de Hollywood com a fragilidade de seu famoso personagem em Bicho de Sete Cabeças), o filme capta a essência de um jogador que buscava desesperadamente algum tipo de compreensão.
Elenco: Com Rodrigo Santoro e Alinne Moraes