Fábio Barreto
Rui Ricardo Dias, Glória Pires, Cléo Pires
Vida Severina
Filme de tonalidade emocional retrata a gênese de um mito da política nacional
Até agora as opiniões de quem viu manifestam preconceito explícito. Há quem diga que não viu, não verá e não irá gostar. Outros, que se trata de uma antecipação do embate eleitoral de 2010. Não se publicaram avaliações isentas. O que existe são opiniões ressentidas, embutidas em notícias que tentam desqualificar um produto da cultura de massa acima da média. E é assim que deve ser visto Lula, o Filho do Brasil, baseado em livro de Denise Paraná. Trata-se de uma narrativa épica sobre a vida de um Fabiano (personagem de Vidas Secas, de Graciliano Ramos) que venceu como retirante, torneiro mecânico, líder sindical e... Bem realizado, em momentos intimistas pode lembrar televisão, em cenas abertas é cinema. As sequências são pontuadas por uma trilha sonora que aumenta o clima emocional. O “nariz torcido” que acompanha os textos já publicados pretendem dar ao filme um peso que ele não tem. A narrativa, que termina em 1980, não trata, em momento algum, da vida partidária e da fundação do PT. Fala, sim, da perversidade das relações de trabalho, das prisões arbitrárias e da “pelegagem” no meio sindical. Ainda sobre a dramaturgia, há que se destacar o papel reservado a Dona Lindu, a venerada mãe-coragem de Lula (Glória Pires, numa interpretação soberba), que bem poderia dar um subtítulo à narrativa: Lula, o filho da mãe.
POR ANTÔNIO DO AMARAL ROCHA