Hugo Carvana
Tarcísio Meira, Gregório Duvivier e Flavia Alessandra
Veterano diretor abusa de recursos cômicos, mas os risos são escassos
No início, uma apresentação de stand-up. Depois, um road movie e uma farsa que dá origem a uma comédia de erros. Esse caldeirão de gêneros e referências é que dá o tom ao novo trabalho de Hugo Carvana. Lalau é um ator que divide seu tempo entre se passar por um guru indiano e salvar seu pai, o mulherengo Ramon Velasco, das enrascadas em que ele se mete. Essa mistura envelhecida de matizes mostra a urgência, na visão de mundo do diretor, de estar no palco a qualquer custo, colocando a atuação como ponto máximo de se levar a vida. Tarcísio Meira, de volta às telonas, está impagável na sátira que faz de si mesmo. É ele quem consegue dosar a paródia atual com o jeito desbotado e decadente de fazer rir existente no filme. Embora a produção tenha essa pegada burlesca televisiva, o que mais salta à vista é um certo humor amargo, ressentido, que traz de volta a melancolia embutida de Apolônio Brasil, filme mais antigo de Carvana. Como o próprio nome sugere, aqui existe um pessimismo rancoroso travestido de carpe diem..
ÉRICO FUKS