Roman Polanski
Ewan McGregor, Pierce Brosnan
Problemático diretor polonês volta ao suspense com resultado intrigante
Ghost Writer, “escritor-fantasma”, é, no mundo da literatura, a pessoa paga para caprichar nas autobiografias ou nos textos encomendados por figuras públicas. Eles escrevem, mas depois viram personagens anônimos, como a de Ewan McGregor. A circunstância em que McGregor é convidado para ser o ghost writer de um ex-primeiro ministro (Pierce Brosnan) é soturna. O político está sob investigação por falcatruas envolvendo conexões com bancos e a guerra no Iraque. O filme renova a vertente de gênero que Polanski sempre apreciou e onde assinou obras emblemáticas como O Bebê de Rosemary e Chinatown. O herói escritor entra no labirinto burocrático da política, dos jogos de interesses, e fica cada vez mais aflito porque pessoas são assassinadas na sua frente e ele não encontra a saída. Pior, ele também será ameaçado. E a certa altura começará a desconfiar da própria sombra. Há algo de incompreendido, exilado, perdido em McGregor, que é quase um alter ego de Polanski, o diretor aprisionado que não encontra pátria e que obteve apenas a liberdade para terminar de montar O Escritor Fantasma em cativeiro. A ironia mais cortante é que o próprio diretor sequer pôde ver sua obra nos cinemas. Torna-se o maior fantasma entre os que povoam a tela.
POR H.R.J.