Stephen Daldry
Kate Winslet, Ralph Fiennes
Kate Winslet brilha vivendo uma oficial nazista que luta contra sua própria consciência
O Leitor trata de assuntos delicados que envolvem a natureza da culpa em seus termos legais e morais. Pronto. Isso deve espantar os maníacos viciados em filmes de ação. Agora já podemos conversar. O diretor Stephen Daldry e o dramaturgo David Hare, colaboradores em As Horas (2002), acertaram em pelo menos um ponto ao transportarem para as telas o controverso romance alemão de Bernhard Schlink: o transformaram em algo pessoal. E se a pessoa que você ama se tornasse um monstro? A questão surge quando o virgem de 15 anos, Michael Berg (David Kross), se envolve em um romance de verão com a condutora de bondes Hanna Schmitz em plena Berlim pós-guerra. Depois do sexo, Michael passa a ler obras dos mestres da literatura em voz alta para ela. E então Hanna desaparece. Oito anos mais tarde, Michael, agora estudante de direito, reencontra Hanna, desmascarada como ex-oficial nazista, em julgamento por seus crimes de guerra. Ralph Fiennes interpreta a versão mais velha de Michael, pai divorciado e solitário. Ele passa então a gravar a leitura dos livros em fitas e mandá-los para Hanna na prisão, lutando contra sua consciência, como muitos alemães da geração pós-guerra, tentando lidar com a culpa advinda da cumplicidade. São temas pesados, nos quais o filme às vezes tropeça. O que não acontece no caso de Winslet. Sua performance firme e certeira vai além da simples representação e se transforma no tipo de ato provocativo que mantém você acordado durante a noite.
Peter Travers