Francis Ford Coppola
Vincent Gallo, Klaus Maria Brandauer, Carmen Maura
Afastado da indústria mainstream, Coppola ainda mostra fôlego e brilho
Em recentes entrevistas em festivais, o diretor Coppola admitiu seguir o caminho inverso: realizar filmes introspectivos e pessoais após conquistar fama, dinheiro e cinco prêmios Oscar. E, mesmo dedicando-se mais aos vinhos do que ao cinema, o mecenas de sua própria arte aqui explora, através de uma viagem no tempo e no espaço, a busca pela identidade dos personagens. Bennie, um ex-ajudante de navio, vai a Buenos Aires procurar Ângelo, seu irmão mais velho, e o encontra bem diferente de suas lembranças: um poeta melancólico e atormentado por acidentes do passado, que passou a adotar o sobrenome de sua família, Tetro. Montado basicamente com planos fechados, Tetro foge das convenções ao mostrar em preto e branco o tempo presente do filme e traz as cores para as recordações do passado. Esse clima noir, que envolve a idolatria pelo irmão mais velho, traz ecos de O Selvagem da Motocicleta, mas não se prende a esta referência. Tetro vai além, buscando nas parábolas da ficção o meio para se refletir sobre a vida.
ÉRICO FUKS