Lobão e Cláudio Tognolli
Nova Fronteira
Biografia do verborrágico músico é igual à sua carreira, repleta de altos e baixos
Quando foi convidado para escrever um livro, Lobão imaginou de imediato um thriller semelhante a Vida Bandida, seu disco de 1987, que pudesse virar um roteiro de cinema. Foi apenas após uma conversa com o jornalista Cláudio Tognolli que o cantor resolveu contar a história de sua vida, processo que durou nove meses. Coube a Tognolli o papel de encontrar os personagens e checar os fatos para garantir que nada do que estivesse no papel fosse criação da mente do cantor. A narrativa é muitas vezes fragmentada e frágil, mas as passagens do personagem central compensam, tornando 50 Anos a Mil um livro bastante divertido e revelador. Lobão fala de tudo sem pudor: esmiúça uma infância conturbada e traumática, o envolvimento tardio com as drogas, as tentativas de suicídio e as aventuras quase sexuais aos 7 anos de idade, além das várias polêmicas em que se meteu durante a vida artística. O que impressiona, no entanto, é o tom nada raivoso adotado, que trata mesmo o eterno desafeto Herbert Vianna com cuidado. Pelo menos no livro, a figura de inconseqüente metralhadora giratória de Lobão some entre boas histórias contadas com riqueza de detalhes. Uma trama digna de cenas de cinema.
TIAGO AGOSTINI