Joseph Ratzinger e Paolo Flores d’Arcais
Planeta
O atual papa debate assuntos polêmicos que envolvem a Igreja Católica
A igreja católica sempre foi considerada um grande centro de conservadorismo. Uma mudança de conceito só ocorre de forma vagarosa e há um clima de “verdade absoluta” nos ensinamentos. Sendo assim, ninguém poderia imaginar que num debate realizado em 21 de fevereiro de 2000, no Teatro Quirino de Roma, o então cardeal Joseph Ratzinger, hoje papa Bento XVI, discutiria a fundo os limites entre a fé e a razão, e colocaria em pauta temas espinhosos como aborto e perseguição aos não cristãos. E ainda tentava dar uma resposta para a seguinte pergunta: “Deus Existe?” Ratzinger debateu com o filósofo ateu Paolo Flores d’Arcais e a mediação ficou com Gad Lerner, um judeu que chegou a classificar o momento como as “disputas medievais”. A ideia era tentar diminuir a distância abismal entre os dois mundos, sem que o cardeal tentasse converter o ateu e vice-versa. O teatro recebeu lotação máxima e o debate virou livro. Deus Existe? tem uma primeira parte em que Joseph Ratzinger relata os fundamentos da religiosidade, mas admite que “há uma crise no cristianismo, pois ocorre uma ausência de um debate. Após esse texto, a obra tem a transcrição do debate e por fim um último capítulo dedicado aos conceitos a respeito do ateísmo, assinado pelo filósofo Paolo Flores d’Arcais. Ao longo das 125 páginas são apresentadas ideias que arrancam aplausos da plateia, para os dois lados, colocando à prova nossa credulidade ou religiosidade.
POR EDUARDO DE MENEZES