E os Hipopótamos Foram Cozidos em seus Tanques
Redação
Publicado em 03/09/2009, às 14h56 - Atualizado em 05/10/2009, às 15h40Jack Kerouac e William S. Burroughs
Companhia das Letras
Dobradinha beat obscura revela a contramão do sonho americano
Ninguém teve a coragem de retratar os Estados Unidos tão pelo avesso. E ninguém teve a coragem de escrever nada como Visões de Cody – para os experimentados na obra de Jack Kerouac, seu melhor livro – recém-lançado pela L&PM e até então inédito no Brasil. O personagem Cody Pomeray é a arqueologia do Dean Moriarty de On the Road - Pé na Estrada, que foi inspirado no ícone beat Neal Cassady. As visões de Cody são muito mais altissonantes que as de Moriarty. Mas o papel ocupado por Cassady no cenário beat poderia ter sido disputado pelo polêmico Lucien Carr, não fosse uma tragédia que marcou e definiu essa geração de escritores, artistas e loucos de toda a sorte antes mesmo que ela aparecesse para o mundo. A história é narrada em E os Hipopótamos Foram Cozidos em Seus Tanques, uma pérola desconhecida do público, que sai do ostracismo via Companhia das Letras. O livro fala da morte de Dave Kammerer pelas mãos de Carr, num crime passional até hoje nebuloso. A obra só foi liberada para publicação pelos detentores de seus direitos após a morte de Carr, em 2005. E é uma obra de dois terços do triunvirato beat: foi escrita a quatro mãos por Kerouac e William S. Burroughs, antes que os dois atingissem a fama. Só faltou a participação de Allen Ginsberg. Mas, se nem isso atrair para a leitura de E os Hipopótamos..., que a leiam para descobrir a razão do título inusitado.
POR MAURICIO MONTEIRO FILHO