Nem Vem Que Não Tem - A Vida e o Veneno de Wilson Simonal

Redação

Publicado em 03/11/2009, às 17h46
Divulgação
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2009Ricardo Alexandre

Globo Livros

Diário de um Proscrito

Em palavras, a ascensão e queda do rei da pilantragem

É bom saber que o público não está cansando do revival em torno de Wilson Simonal (1938-2000), que foi deflagrado pelo êxito do documentário Ninguém Sabe o Duro que Dei. E agora, antes mesmo do ano acabar, chega um livro que joga ainda mais luz sobre a controvertida figura do artista. O autor Ricardo Alexandre já vinha trabalhando na obra há um bom tempo, antes mesmo de Simona cair novamente na graça do povo. O livro tem a mesmas virtudes do documentário - é sóbrio e imparcial. A diferença é que no documentário, o som e o charme da figura de Simonal nos encantam e o foco em alguns aspectos desagradáveis de sua personalidade é desviado. Já nas páginas frias do livro, Simonal nem sempre aparece sob a melhor ótica, no geral um sujeito genioso que cometeu erros desnecessários que sabotaram sua carreira e vida pessoal. Um dos méritos do livro é esmiuçar o período obscuro da vida do intérprete. Os “anos perdidos” de Simonal iniciaram na metade da década de 70 e se arrastaram pelos anos 80. Aos poucos ele perdeu tudo o que tinha, era evitado pela imprensa e por seus colegas artistas. O naufrágio na bebida somou-se a péssimas decisões financeiras e artísticas. O trabalho documental é exemplar. Simonal não era apenas um anti-herói extremamente talentoso, era um artista e ser humano complexo. Passível de inúmeras releituras, sua personalidade era difícil de ser digerida em tempos maniqueístas como o Brasil de 30, 40 anos atrás. E como cantor e showman, ele foi possivelmente o maior que essa terra produziu.

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