William S. Burroughs
Obra clássica sobre dependência química ganha nova edição
Imagine um livro autobiográfico em uma linguagem virulenta, que fala do descontrolado envolvimento de seu autor com drogas pesadas, sexo descompromissado e inseguro, aliciamento e outros assuntos indigestos. Atualmente não chocaria ninguém, certo? Agora imagine esse mesmo livro publicado nos Estados Unidos em 1953, sob o governo conservador do então presidente Dwight Eisenhower, que tinha como vice Richard Nixon. No meio de uma sociedade que se promovia para o mundo como modelo de virtude, Junky soava como uma blasfêmia. Exatamente por isso, além das óbvias qualidades literárias, se tornou um clássico da contracultura e do movimento beatnik. O autor narra de maneira direta a vida dos viciados, o modo como agiam para conseguir drogas por um preço mais atraente, o meio decadente que frequentou como dependente feroz e mesmo traficante ocasional de morfina. Burroughs, um erudito de espírito destrutivo, abriu caminho para outros autores, como Aldous Huxley, abordarem as drogas não apenas de forma científica mas literária.
Fonte: Companhia das Letras