Ingmar Bergman
Volta às prateleiras a autobiografia de um monstro sagrado do cinema
O retorno de um clássico deve sempre ser celebrado. Publicada originalmente em 1987, acrescida de um prefácio de Woody Allen no ano seguinte, a fascinante autobiografia do mestre cineasta Ingmar Bergman foi entregue ao mundo 20 anos antes de seu falecimento. Agora a obra retorna ao mercado editorial brasileiro em nova tradução. O trabalho cuidadoso de Marion Xavier foi realizado diretamente da obra original, escrita em sueco. O deleite permanece intocado ao se mergulhar nos pensamentos, soltos e diretos, de Bergman. Ele versa sobre o passado, família e arte, em um resgate de vida que veio à época complementar o exorcismo artístico alcançado durante a realização épica de Fanny e Alexandre (1984). O cinéfilo íntimo de sua filmografia identifica inquietudes presentes em toda a sua obra, com origens claras, por exemplo, na relação protestante com os pais e em sua iniciação sexual. O leitor se torna mais próximo do diretor ao vê-lo dissertar sobre sua admiração pelo teatro de August Strindberg ou pelo cinema de Andrei Tarkovski, ou ao se demorar sobre a forte relação que teve com a atriz e parceira Liv Ullmann. Em bela e cuidadosa edição, este remergulho na mente e alma do complexo cineasta se transforma em uma epifania cinematográfica.
Fonte: Cosac Naify